Descrição: | Burro Mirandês
Tirada de dentro do carro algures na raia a 14.6.2008
O burro foi considerado, durante muito tempo, um bem imprescindível na exploração agrícola, quer pela sua força e capacidade de trabalho como pela sua facilidade de adaptação e resistência a condições de subsistência bastante difíceis. Nesses tempos, era o meio de transporte por excelência, com capacidade de transportar grandes cargas por caminhos tortuosos. No entanto, nos nossos dias, com o avançar da mecanização agrícola e o abandono das práticas tradicionais, o burro tem sido colocado numa posição secundária no mundo rural, sendo mesmo por vezes abandonado e mal tratado.
A região transmontana do Planalto Mirandês, talvez graças ao seu isolamento causado pela sua localização geográfica, conserva não só características naturais ímpares, mas também mantém vivas as suas tradições culturais milenares, nomeadamente, o uso do burro nos trabalhos agrícolas.
É ainda habitual nesta região do interior a organização de Feiras de Gado, onde se pratica a venda dos burricos nascidos na Primavera, prática já quase inexistente noutras regiões do País.
Este apego das gentes de Miranda aos seus fiéis e incansáveis companheiros de viagem e de trabalho proporcionou o aparecimento de um pequeno grupo diferenciado de exemplares de gado asinino, caracterizados por uma pelagem castanha abundante e comprida, que adquire a cor branca no focinho e contorno dos olhos. Este reduzido efectivo de características idênticas foi estudado pelo Serviço Nacional Coudélico (Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas), tendo sido reconhecido como raça autóctone (denominada Raça Asinina das Terras de Miranda). O interesse por esses animais foi despertado pelo Parque Natural do Douro Internacional, através dos resultados atingidos num outro estudo, que proporcionaram conclusões interessantes que justificaram o início do processo de criação de uma nova raça autóctone.
Mas tal como muitas das raças autóctones do nosso País, também esta passa por grandes dificuldades para escapar à extinção. A tendência crescente dos criadores para recorrer à hibridação e a cruzamentos com animais de raças e variedades diferentes, tem levado à diluição e consequente desaparecimento do padrão característico da raça. Tudo isto é agravado pela cada vez menor utilidade do burro na moderna economia rural.
Com o propósito de salvar e estudar este importante património genético nacional nasceu a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), que aposta não só na recuperação do efectivo da raça, mas também na valorização da imagem do burro como forma de estimular o interesse público para o problema da sua extinção.
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